Eu tento te dizer algumas coisas, mas não digo. E não é por
que não quero, é por que penso que você me tacharia facilmente de boba, de
idiota. Gostar demais tem seus limites, o medo é um deles. Eu realmente devo
ser uma idiota, por que , garoto, gostar de você é um problemão! Não sabe
quanto tempo já perdi e ainda perco secando as lágrimas que sua falta de
atenção me faz derramar, quantas noites fiquei sem dormir, imaginando como
seria melhor se a gente ficasse junto. Mas não. O medo nos impede. Investiguei
sua vida, você tá sozinho. Adivinhe: eu também. Dois seres singulares, e talvez
um gesto mudasse isso. Mas o medo não permite. Continuaremos com nossas
solidões separadas, ignorando o fato de que se estivéssemos juntos não seríamos
singulares. Ah, como eu queria você pra me fazer plural. Já sonhei tanto com seu
abraço.. Esses seus olhos castanhos penetrando o meu olhar, me deixando meio boba,
fora do chão. Só de pensar perco o fôlego! E o que eu faço? Espero. Espero o
dia que finalmente você vá perceber que eu existo, que estou aqui. Ou ainda o
dia em que eu conseguir guardar o medo no bolso, e chegar perto de você pra
falar tudo isso. Se for assim, pode ser até no inverno, por que o seu sim vai
me trazer a primavera em segundos, e vou poder sentir novamente um sopro de
felicidade me tocar. Mas por enquanto só espero.